domingo, 15 de abril de 2012

ED 07 - Barbara Pittman


O sexo feminino não foi fortemente representado na Sun Records, mas certamente um dos pesos pesados da gravadora ​​(musicalmente falando) foi Barbara Pittman, que apareceu em ambos os selos: Sun Records e Phillips International.

Barbara nasceu em uma família pobre de doze irmãos em Memphis TN. Seu pai era índio e mãe de ascendência irlandesa, e o nome da família foi literalmente derivado de poços de escavação. Ela foi criada no norte de Memphis e sua mãe era amiga de Gladys Presley (mãe de Elvis Presley) e desde tenra idade Barbara já conhecia Elvis moraram inclusive na mesma rua e frequentaram a mesma escola. Embora seu pai tocasse violino para seu próprio divertimento, musicalmente ela foi criada sob o som de grandes bandas e cantores como Ella Fitzgerald, e logo nutria ambições de tornar-se uma cantora profissional. Uma base no Blues veio através de seu tio que tinha uma loja de penhores em "Beale Street" (tradicional reduto de músicos deste estilo em Memphis) onde ela passava o tempo ouvindo as jam sessions improvisadas que ocorreram na vizinhança. Ela não era ainda uma adolescente quando se apresentou para Marion Keisker na 706 Union Ave como uma artista em potencial, e foi aconselhada para voltar quando tivesse aprendido a cantar melhor e crescer mais um pouco! Depois de chorar durante alguns dias, ela resolveu seguir em frente e conseguiu um emprego com D.J. Sleepy Eyed John. Ele se tornou seu empresário, e ela se apresentou entre outros locais no "Eagle's Nest" recebendo $ 5 por show quantia bem razoável para a época.

Em 1955 ela entrou para o "Western Star Lash Larue" um programa de variedades familiar onde sua idade não foi um problema e com quem ela excursionou por quase um ano. Seu trabalho inicial era como babá, mas eventualmente Larue permitiu que ela cantasse no show atuando em canções populares da época.

Após ter ganho experiência com mais de um ano na estrada viajando em lugares distantes como a Califórnia, ela voltou para Memphis em 1956 onde conheceu Stan Kesler. Stan pediu à ela para gravar um demo de uma música que ele queria mostrar à Elvis Presley que já estava na RCA (certa vez Barbara afirmou que se não fosse por Elvis, ela nunca teria começado sua carreira como cantora, ela namorou com ele até a sua entrada no Exército). Gravaram "Playing For Keeps" no Cotton Club que Elvis não só acabou gravando-a como a demo foi suficiente para convencer Sam Phillips que deveria chama-la para gravar em seu estúdio. Até o momento esta demonstração não apareceu em nenhuma de suas coletâneas somente uma demo de "I'll Never Let You Go" desta mesma época que entrou em álbuns lançados pela Bear Family e Magnum Force.

Barbara passou a cantar com “Clyde Leoppard's Snearly Ranch Boys” residentes no Cotton Club em West Memphis e foi com esse grupo que ela fez seus primeiras gravações no Sun Studio com Buddy Holobaugh na guitarra, Stan Kesler no steel, Smokey Joe Baugh no piano, Hank Byers no trompete, Johnny Benero na bateria. E gravaram no dia 15 de Abril de 1956. "I Need a Man" e "No Matter Who's To Blame" que foi lançado pela Sun mas sem muito sucesso. Mesmo assim passou a excursionar pelo Sul com: Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Roy Orbison e os demais artistas da Sun, era um período que Barbara lembrava com carinho pois todos a tratavam como uma espécie de irmã mais nova. Nesta mesma época ela também passou a participar das famosas “jam sessions” nas noites de sábado em Granceland, onde cantava todos os tipos de músicas inclusive Gospel com seu namorado Elvis Presley.

Com as gravações as coisas não estavam indo tão bem. Durante o decorrer de 1956 e o primeiro semestre de 1957, ela esteve nos estúdios algumas vezes e gravou uma versão pouco inspirada de "I Forgot To Remember To Forget", e teve uma primeira tentativa de gravar "Sentimental Fool " e "I'm Getting Better All The Time" mais uma vez apoiada pela banda de Clyde Leoppard.

Na primavera de 1957, ela gravou versões demo de "I'm Getting Better All The Time" and "Take My Sympathy" apenas acompanhada por Jack Clement no violão e também gravou outra versões de "Sentimental Fool" que tem 3 versões: a versão inicial com steel, a gravação seguinte com guitarra e piano e a versão final com Bill Justis no saxofone. Mas nada disso fez merecer outro disco lançado e Sam parece ter perdido o interesse nela.

Por influência Joe Cuoghi e Slim Wallace, Sam finalmente resolve dar à Barbara um contrato sendo a única artista feminina a ser concedido tal honra. San a deixou escolher em que selo seu disco deveria ser lançado e ela optou pela “Phillips International” porque este tinha um rótulo mais bonito segundo ela.

A sessão de gravação realizada em 05 junho de 1957 produziu seu primeiro single no selo com as canções "Two Young Fools In Love" composta por Jack Clement que também participou da gravação tocando violão e "I'm Getting Better All The Time" onde ela foi acompanhada por Billy Lee Riley  no contrabaixo, Jimmy Wilson no piano, Jimmy Van Eaton na bateria e Hank Byers na harmônica. A sessão foi produzida por Roland Janes, que para desgosto de Jack Clement esqueceu de ligar o sistema de eco do estúdio durante a gravação mas mesmo assim decidiram lançar a gravação da forma que estava. O disco foi um sucesso regional, mas não conseguiu decolar nacionalmente.

A gravação de "Careless Love" nunca foi encontrada o que também aconteceu com uma série de canções e inclusive sessões completas registradas entre 05 de abril e 24 de Junho de 1957 e 28 de março de 1958 a 06 de abril de 1958. Não se sabe o paradeiro dessas gravações até hoje.

Certa vez Bárbara disse que o seu melhor disco foi "Cold Cold Heart”/ "Everlasting Love" pela Phillips International 3527. Nesta sessão ela foi apoiada pela “Bill Justis Band” com Sid Manker na guitarra, Roland Janes no violão, Jimmy Wilson no piano, Bill Justis no sax, Jimmy Van Eaton na bateria e um baixista desconhecido e os cantores de Gene Lowery incluindo “Cowboy Vernon Drake” em uma sessão realizada em 24 de fevereiro de 1958. Desta vez foi o próprio Bill Justis que produziu a sessão e ele tinha boas razões para se sentir satisfeito com o resultado. O disco foi certamente capaz de ser um sucesso e o fato de que não tenha sido pode ter tido mais a ver com o sucesso de Carl McVouy de "Tootsie", do que com qualquer falha inerente com disco de Barbara. Sam era famoso por concentrar todo o seu tempo e energias em um só disco e quando ele mostrou sinais de decolar em detrimento de outras ofertas dignas Sam não pensou duas vezes em deixar de lado o disco de Barbara para investir no de McVouy.

Dois títulos novos a partir desta sessão, que também desapareceram sem deixar rasto foram "Hide My Tears" e "I Wanna Be Loved". Algum tempo mais tarde naquele ano Barbara gravou novamente, desta vez como integrante dos “Sunrays” um grupo vocal montado por Stan Kesler, que incluiu Elsie Sappington, Hank Byers e Jimmy Knight. Stan tocou baixo e fez todos os arranjos com acompanhamento de uma banda não identificada. Barbara cantou o vocal principal até que o solo de Elsie em "Love Is A Stranger" não foi lá muito inspirado e devidamente afundou sem deixar rasto.

Embora tenha continuado a trabalhar ela acabou entrando em outro período frustrante de inatividade em gravações e somente em 03 de fevereiro de 1960 que ela teve oportunidade de gravar mais um single. Era também para ser o seu canto do cisne no selo Phillips. "Handsome Man" foi escrito por um dos heróis de Barbara “Charlie Rich” que também produziu o disco. O disco revela tendências do jazz de Charlie e tem a participação desnecessárias dos cantores de “Gene Lowery” que foram gravados posteriormente. Havia dois guitarristas nesta sessão Billy Riley e Brad Suggs, enquanto RW Stevenson tocava o baixo, Charlie Jimmy Van Eaton tocava bateria. O disco teve uma citação na Billboard. O outro lado causou furor na época e foi gravado no novo estúdio na Madison Avenue, em 03 de fevereiro de 1960, uma seção de cordas todo foi trabalhado pelo escritor da canção Charles Underwood na ausência de Sam Phillips, que estava doente com pneumonia na época, Underwood assumiu o comando de toda a gravação. Barbara detestou "Eleventh Commandment" e muitas estações de rádio proibiram de rodar o disco o que na Grã-Bretanha esta canção certamente teria garantido um sucesso este não era o caso dos EUA. É irônico refletir que ser casado aos 13 anos (a mãe de Bárbara já era casada e teve um filho com essa idade) isso era perfeitamente aceitável, mas a adição de um mandamento extra era totalmente um tabu.

Barbara também gravou "Just One Day", que foi lançado pela primeira vez no álbum "The Original Sun Sides" (LP 8307) com a foto de Barbara Thomas na capa e "Voice Of A Fool" que saiu no "Rock & Roll Pills" (LP 1023). Há também duas versões de "Take My Sympathy" que provavelmente foram gravados ao mesmo tempo como a demo de "Im Getting Better All The Time" que apareceu pela primeira vez no álbum da Bear Family "I Need a Man" (BFX 15.359) e "Lost My Only Love", na última sessão em fevereiro de 1960.

Embora o selo Sun continuasse bem nos anos sessenta sua época de ouro já havia acabado e Barbara fez suas malas e rumou para o oeste da Califórnia. Ela assinou com a Del-Fi e entrou no negócio do cinema realizando em trilhas sonoras de filmes. Ela se encontrou novamente com Dorsey e Johnny Burnette e fizeram shows com os Righteous Brothers. Sua voz pode ser ouvida em filmes de terror assim como em filmes teen, incluindo "Wild Angels".

Ela continuou a ganhar a vida trabalhando em navios de Cruseiros até Acapulco e trabalhando em lugares tão distantes como a Gronelândia, mas o estrelato mostrou-se evasivo. Ela voltou para Memphis em 1970 e lá conheceu e se casou-se com o colecionador de discos Willie Gutt natural da Alemanha. Eles se estabeleceram em Houston, Texas onde ela formou sua própria banda e em 1983 fez a sua estreia Europeia tocando no Festival Rockhouse em Eindhoven e cantou em 2005 no Rockabilly Rave no Reino Unido acompanhada pela Rhythm Wranglers.

Barbara Pittman gravou apenas quatro singles na Sun e Phillips International entre 1956 e 1960 mas também deixou uma série de material inédito para as futuras gerações de arqueólogos musicais inclusive suas gravações perdidas.

Independentemente de suas atividades de gravação, Barbara é conhecida por seu longo relacionamento com Elvis Presley em um momento na vida de ambos quando o estrelato ainda era apenas um sonho. Ela nunca foi simplesmente uma cantora de “Rockabilly” ou um "Elvis feminino" ou "a resposta da Sun à Janis Martin" como ela foi diversas vezes chamada. Sua história de vida tomou caminhos inesperados e por tudo isso manteve uma perspectiva saudável e senso de humor incomum para os veteranos dos primeiros dias do Memphis Rock. Barbara resume-se claramente com a observação: "Nunca houve nada típico sobre mim desde o primeiro dia."

Barbara tinha um estilo vocal agressivo que não foi totalmente explorado por Sam Phillips que acreditava que suas interpretações deveriam ser doces e femininas. Isso pode ter lhe custado uma carreira mais representativa mas a música que ela gravou para a Sun Records e a Phillips International durante um período de quatro anos estabelece o seu lugar na história do Rock'n'Roll.

Barbara Pittman morreu em sua casa em Memphis no dia 29 de outubro de 2005 de insuficiência cardíaca. Ela tinha 67 anos.

Traduzido por Billy Joe Rocker
Fonte: Rockabilly Hall of Fame website



2 comentários:

  1. FAÇA COMENTÁRIOS SEM A NESSESSIDADE DE CADASTRO. ATT BILLY JOE

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  2. ...fazia tempo que queria saber mais sobre a Barbara Pittman mas não achava nenhum texto em Português.. obrigado.

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